segunda-feira, 13 de junho de 2011

Qual é a diferença entre a alfabetização de crianças e a de Jovens e Adultos?


Os processos de aprendizagem

            Milhões de jovens e adultos não puderam se escolarizar na infância ou adolescência. Os motivos de não terem estudado são vários e relacionados a questões de ordem social, econômica e política. Se, por um lado, os números do analfabetismo dão a dimensão do desafio educacional brasileiro, por outro, dizem muito pouco sobre essas pessoas: como vivem, o que sabem, o que é para elas ler e escrever, o que querem aprender.
            Apesar de não dominarem a escrita, criam alternativas para lidar com essa linguagem no dia-a-dia. Ocupam papéis sociais distintos e paticipam de atividades culturais diversas das de crianças.
            Diferenciam-se em relação a ciclos de vida, identidades, disposições e necessidades de aprendizagens, assim como nas representações sobre ler e escrever, nos conhecimentos e nas habilidades desenvolvidas. Portam bagagens culturais diversas que influenciam no modo como se engajam na alfabetização.
            Muito de suas aprendizagens se deu âmbitos distintos da escola, com outras finalidades, rotinas, dispositivos, organizações e relações de poder, Para muitos deles, ensinar e aprender é parte do fazer, em aprendizagens que se dão de modo coletivo, mediadas pela oralidade e observação, para responder a questões imediatas. Portanto, para planejar, refletir ou agir, desenvolveram ferramentas diferentes das de que passou pela escola, e lançarão mão delas para se alfabetizarem.
            É próprio da alfabetização de jovens e adultos o reposicionamento de si mesmos. Antes vistos como analfabetos, pela falta de conhecimentos e familiaridade com a escrita, serão convidados a ler e escrever, a compartilhar saberes, a refletir sobre como se aprende e a cooperar. Poderão ter reconhecimento social diferentes, ocupar outras posições em ventos de letramento e práticas de escrita e maior acesso a bens culturais.
            Na alfabetização de jovens e adultos, os conteúdos e abordagens metodológicas ancoram-se nos sujeitos que dela tomam parte. Assim, é preciso ter a curiosidade de descobrir o que sabem, ouvir suas histórias, identificar seus desafios, suas formas de pensar e refletir, observar o que os mobiliza.

Cláudia Vóvio – Assessora do Programa de Educação de Jovens e Adultos da ONG Ação Educativa 

Manuella Valim

Um comentário:

  1. Essas informações são muito valiosas para mim, não imaginava que as experiências de vida dos alunos da Eja eram importantes,não só para o aprendizado dos alunos mas também para os professores.

    ResponderExcluir