sábado, 18 de junho de 2011


                                       
Conferência inaugural do IX Encontro nacional de Educação de Jovens e Adultos - ENEJA, realizado em setembro de 2007, em Curitiba-Faxinal do Céu/PR. Texto l Slides Autoria: Maria Margarida Machado - UFG.
                 SIMONE AIRES

Alunos do EJA fazem poesia coletiva.

Cerca de 26 alunos do Programa EJA (Educação de Jovens e Adultos) que estão cursando o Termo II (3ª e 4ª séries do Ensino Fundamental), na turma B, desenvolveram no início deste mês uma atividade de reflexão em sala de aula. Como produto desse aprendizado, eles fizeram uma poesia em conjunto.
A reflexão foi proposta pela professora Nilva Aparecida Pizólio, que a partir da leitura da poesia “Quem tem medo de dizer não” da autora Ruth Rocha, elaborou um trabalho coletivo, no qual os alunos iam contando suas experiências de vida diante de algumas respostas e suas conseqüências.
“A partir da poesia, eles refletiram sobre a importância de dizer ‘sim’ e ‘não’ no momento oportuno. Contaram situações vividas em que se arrependeram de dizer ‘sim’ e outras em que o ‘não’ resolveu muitos problemas”, contou a professora.
Segundo explicou a coordenadora do EJA, Suzana Palmira Ferracine Escardoveli, com base na poesia estudada e nas experiências contadas pelos alunos, a classe decidiu então fazer o seu próprio poema: “Dizer sim, dizer não...”.

Questões sociais:
Suzana destaca que a poesia elaborada pelos alunos enfoca a realidade do povo brasileiro e aborda algumas questões sociais que geram polêmicas como a política, corrupção, tráfico de drogas, religião e família.
Conforme conta a coordenadora, a experiência como poetas não parou na sala de aula. O aluno Jair Ferreira Brito se inspirou no poema coletivo e resolveu fazer um por conta própria, que recebeu o nome de “Oportunidade???”.
“Como percebemos que os alunos gostaram muito dessa atividade e a partir daí começaram a produzir diversos poemas, resolvemos criar um livro com todas as poesias feitas por eles. O livro será feito no final do ano letivo com participação de todos”, adianta a coordenadora Suzana Escardoveli.

Confira as poesias feitas pelos alunos do EJA:

Dizer sim, dizer não...

Muitos brasileiros na Eleição

Tem medo de dizer não
São enganados pelos políticos
E depois vem a corrupção
Se todos pensassem bem
Não existiria político ladrão.

O que pensam os jovens de hoje
Que não sabem para as drogas
Dizer simplesmente não
Seria tudo diferente
Se cada um tivesse religião
Do contrário, o fim é trágico
Podendo acabar numa prisão.

Hoje em dia está difícil
Educar dizendo não
Especialmente entre as famílias
Onde há separação
Pai e mãe, cada uma para um lado
E filhos amargurados.

Como seria bom,
Se em toda família
Existisse união.

(Poesia Coletiva - Termo II-Turma B)


Oportunidade???


Estou vendo a nossa Nação
se perdendo para as coisas
ruins da vida: bebidas,
drogas, roubos e prostituição.
Espero que nossas autoridades
entendam a falta de oportunidade
das pessoas, principalmente nas cidades.
Espero que nossos parlamentares
Presidente, prefeito e vereadores
aos jovens dêem a oportunidades
para tirá-los do mundo do crime
e da marginalidade.

(autor: Jair Ferreira Brito)


http://www.penapolis.sp.gov.br/template.php?pagina=neocast/read.php&id=385&page=505&section=1

Letícia Rocha

Alunos da EJA método Paulo Freire

Letícia Rocha

segunda-feira, 13 de junho de 2011

LIVROS PAULO FREIRE DIGITALIZADOS

http://forumeja.org.br/livrospaulofreire

Neste Link encontramos diversas obras de Paulo Freire digitalizadas que podemos ter acesso. Dentre as obras PEDAGOGIA DA AUTONOMIA, PEDAGOGIA DO OPRIMIDO, A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER, EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DA LIBERDADE, AÇÃO CULTURAL PARA A LIBERDADE, EXTENSÃO OU COMUNICAÇÃO, MEDO E OUSADIA e PROFESSORA SIM, TIA NÃO.

Aproveitem é só clicar e conferir!

ALINE MELLO

CIDADÃO NOTA DEZ - EXPERIÊNCIA FORMAÇÃO DE PROFESSORES EJA


ALINE MELLO

REVISTA PARA EJA - EDUCAR

http://issuu.com/mariananiederauer/docs/revista_educar

Aqui posto um link de uma revista com relatos da EJA, ações de deram certo, problemáticas...
REVISTA EDUCAR!

ALINE MELLO

SETE LIÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO DE ADULTOS - ÁLVARO VIEIRA PINTO

Neste livro realizado por Álvaro Vieira Pinto enquanto estava exilado  no Chile traça importantes considerações sobre o ensino da Educação de Jovens e Adultos. Segundo o mesmo
                                            O caminho que o professor escolher para aprender foi ensinar. No ato 
                                            do  ensino ele se defronta com as verdadeiras dificuldades, obstáculos reais,
                                            concretos, que precisa superar. Nessa situação ele aprende. (2001, p. 21)
1ª LIÇÃO CONCEITO DE EDUCAÇÃO:
Educação com espaço restrito e amplo. É o processo pelo qual a sociedade forma seus membros à sua imagem e em função de seus interesses. Compreende educação como processo, fato existencial, fato social, fenômeno cultural, educação como privilégio, fundamento, atividade teológica, trabalho social, ordem consciente, processo exponencial, concreta, contraditória.

2ª LIÇÃO FORMA E CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO:
Conteúdo ingênuo definido como totalidade dos conhecimentos que se transmitem do professor ao aluno. Disciplinas, currículo do curso, aquele que enche as lições e são objeto da aprendizagem.
Questões primordiais: A QUEM EDUCAR? QUEM EDUCAR? COM QUE FINS? COM QUE MEIOS?

3ª LIÇÃO AS CONCEPÇÕES INGÊNUA E CRÍTICA DA EDUCAÇÃO:
Consciência Ingênua não inclui em sua representação da realidade exterior e de si mesma a compreensão das condições e determinantes que a fazem pensar tal como pensa.
Consciência Crítica representação mental do mundo exterior e de si, acompanhada da clara percepção dos condicionamentos objetivos que a fazem ter tal representação.

4ª LIÇÃO EDUCAÇÃO INFANTIL E EDUCAÇÃO DE ADULTOS:
Diferem em vários pontos seja na continuidade de formação dos indíviduos; capacidade do adulto trabalhar; grau de desenvolvimento fisiologico e psicológico do homem; o pensar em concreto; noção de escola; alfabetização do adulto como processo pedagógico qualitativamente; métodos, técnicas, motivos, interesses que a sociedade tem com o educando; aquilo que o educando sabe;

5ª LIÇÃO ESTUDO PARTICULAR DO PROBLEMA DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS
A realidade social do adulto, sua qualidade de trabalhador e o conjunto de conhecimentos básicos que pressupõe. O adulto é o homem na fase mais rica de sua existência (2001, p. 79) É urgente encarar o adulto como sabedor, perceber que o desenvolvimento fundamental do homem é de natureza social, perceber a evolução de suas faculdades, reconhecer o adulto como membro atuante e pensante de sua comunidade.

6ª LIÇÃO O PROBLEMA DA ALFABETIZAÇÃO
Não devemos conceber o aluno analfabeto como apenas aquele que não sabe ler. Mas sim aquele que por suas condições de existência não necessitou ler. É preciso produzir mudanças na consciência do educando e ver o analfabeto como ser humano, não pela perspectiva do analfabetismo e sim pela constituição do sujeito.

7ª LIÇÃO A FORMAÇÃO DO EDUCADOR
Pela concepção ingênua acredita-se que o esforço principal da educação deve consistir em retirar o aluno e principalmente o aluno que se prepara para ser professor, das influências do meio e capacita-lo somente para a instução técnica e desempenho de funções. Pela concepção crítica sabe-se que não haverá verdadeira função do professor senão mediante a intensificação das influências sociais e a compreensão cada vez mais clara que o educador tenha de que sua atividade é social. Influir sobre os acontecimentos em curso no seu meio e só pode ser valiosa se ele admite ser conscientemente participante desses acontecimentos. Cada educador tem o seu papel ditado pela sociedade. O educador deve compreender que a foente de sua aprendizagem, de sua formação, é sempre a sociedade. O educador na EJA precisa ser crítico e acompanhar a marcha das transformações.
É importante ter sensibilidade aos estíumlos intelectuais, mas é sobretudo a consciência de sua natureza inconclusa como sabedor. Conservar fiel às inspirações de seu povo.
                                                 [...] no processo de educação não há uma desigualdade essencial entre dois
                                                 seres, mais um encontro amistoso pelo qual um e outro se educam
                                                 reciprocamente. (2001,118)
                                                                                                                        ALINE MELLO

AVANÇOS E DESAFIOS NA EJA

Continuação dos estudos, sem restrição da Educação de Jovens e Adultos em apenas alfabetizar;
Construção do currículo focado na centralidade do sujeito, reconhecimento e legitimação de saberes não escolares; Existe aprendizagem fora da escola?
Descentralização. Autonomia do gestor local?
Presença de Organizações Não Governamentais. Retomada de políticas assistencialistas e compensatórias?

VISÕES DO ALUNO DA EJA EM DISPUTA

Visão de atividades infantilizadoras, humanizadora, emancipatória, restrita a força de trabalho.

CONCEPÇÕES DA EJA EM DISPUTA
  1. CUNHO ASSISTENCIALISTA - EJA como promessa de inclusão social;
  2. VISÃO COMPENSATÓRIA - cursos ou projetos. Rápidos para compensar o tempo perdido
  3. FUNÇÃO REPARADORA - dívida social do estado com o público sem condições de estudar. Educação como direito social de todos.
                                                                                        ALINE MELLO

História da EJA no Brasil - VANILDA PAIVA

Até 1930 - até esta data a Educação dos adultos não era vista como uma questão específica da Educação Popular (para o povo).
1930 - Experiência no Distrito Federal chama atenção para a especificidade do ensino supletivo. O índice de analfabetismo é de 82% no país e se percebe a especificidade de ensinar adultos de forma diferenciada. Acontece uma iniciativa pública com o ensino acelerado para compensar o tempo perdido. Há um foco nos "tempos de aprender e de trabalhar"
1932 a 1937 - Matrículas crescem de 49132 para 120826 no Brasil;
ESTADO NOVO - CENSO de 1940 alerta para 55% de analfabetos com 18 anos ou mais. Estes dados impulsionam a conformação de políticas específicas para a área. Cria-se o SISTEMA S e o objetivo do ensino é sanar as necessidades de profissionalização para as empresas;
1946 a 1958 - iniciativas do Governo com a Campanha de Alfabetização. E a cada novo governo mudam as propostas e as campanhas como forma de manutenção do poder e manter o status quo. Tais estratégias não visam perspectivas de futuro escolar aos alunos.
1958 a 1964 - 2º Congresso Nacional de Educação de Adultos - Novas Diretrizes para a educação de adultos. Crescem as iniciativas comunitárias e populares.
1964 a 1985 - movimentos ficam clandestinos. Em 1970, surge o Movimento Brasil Alfabetizado MOBRAL, com abrangência Nacional mas com resultados polêmicos. A LDB 5992/71 institui ensino supletivo mais rápido com caráter compensatório.
1983 a 2003 - fim do Mobral. As políticas de governo priorizam ensino aos adultos com ênfase na alfabetização. Busca-se iniciativas progressistas em escolas públicas.
1996 - LDB 9394/96 para EJA, autoriza exames de verificação.
ENCEJA provas que equivalem ao ensino.
2003 - abandono do Alfabetização Solidária que vira uma ONG
2005 - PROEJA (ocorre em institutos federais promovendo uma integração profissional) E PROJOVEM (18 a 24 anos ocorre em instituições parceiras entre secretarias e é mais precário)
                                                                                                                          ALINE MELLO

Qual é a diferença entre a alfabetização de crianças e a de Jovens e Adultos?


Os processos de aprendizagem

            Milhões de jovens e adultos não puderam se escolarizar na infância ou adolescência. Os motivos de não terem estudado são vários e relacionados a questões de ordem social, econômica e política. Se, por um lado, os números do analfabetismo dão a dimensão do desafio educacional brasileiro, por outro, dizem muito pouco sobre essas pessoas: como vivem, o que sabem, o que é para elas ler e escrever, o que querem aprender.
            Apesar de não dominarem a escrita, criam alternativas para lidar com essa linguagem no dia-a-dia. Ocupam papéis sociais distintos e paticipam de atividades culturais diversas das de crianças.
            Diferenciam-se em relação a ciclos de vida, identidades, disposições e necessidades de aprendizagens, assim como nas representações sobre ler e escrever, nos conhecimentos e nas habilidades desenvolvidas. Portam bagagens culturais diversas que influenciam no modo como se engajam na alfabetização.
            Muito de suas aprendizagens se deu âmbitos distintos da escola, com outras finalidades, rotinas, dispositivos, organizações e relações de poder, Para muitos deles, ensinar e aprender é parte do fazer, em aprendizagens que se dão de modo coletivo, mediadas pela oralidade e observação, para responder a questões imediatas. Portanto, para planejar, refletir ou agir, desenvolveram ferramentas diferentes das de que passou pela escola, e lançarão mão delas para se alfabetizarem.
            É próprio da alfabetização de jovens e adultos o reposicionamento de si mesmos. Antes vistos como analfabetos, pela falta de conhecimentos e familiaridade com a escrita, serão convidados a ler e escrever, a compartilhar saberes, a refletir sobre como se aprende e a cooperar. Poderão ter reconhecimento social diferentes, ocupar outras posições em ventos de letramento e práticas de escrita e maior acesso a bens culturais.
            Na alfabetização de jovens e adultos, os conteúdos e abordagens metodológicas ancoram-se nos sujeitos que dela tomam parte. Assim, é preciso ter a curiosidade de descobrir o que sabem, ouvir suas histórias, identificar seus desafios, suas formas de pensar e refletir, observar o que os mobiliza.

Cláudia Vóvio – Assessora do Programa de Educação de Jovens e Adultos da ONG Ação Educativa 

Manuella Valim

domingo, 12 de junho de 2011

A identidade dos alunos/as da Eja

Pesquisando procurei em vários sites acadêmicos que pudessem responder alguns entre muitos questionamentos sobre os alunos/as da EJA encontrei no portal do MEC "caderno Eja 1", onde traz informações, estratégias e procedimentos que possam ajudar os educadores a conhecer melhor esses sujeitos.
SECAD apresenta a coleção Trabalhando com a Educação de Jovens e Adultos, composta de cinco cadernos temáticos. O material  trata    de  situações concretas, familiares aos   professores/as, Permite  a visualização de modelos que podem   ser comparados com   suas práticas, a partir das quais  são ampliadas as questões teóricas.(...)(p.01)
                  .
                                                 
Ha  varias questões que abordam o perfil dos sujeitos da educação jovem e adultos, tais como: qual a pratica para ensinar esses sujeitos, de onde vem esses sujeitos,porque procuram o curso,o que buscam saber,do que já sabem em sua experiências de vida,o que ainda não sabem,suas relações com a realidade letrada, onde vivem,qual o seu espaço na sociedade.
Ha varia formas/caminhos de chegar ao saber com esses sujeitos da Eja.

Olhar, escutar, tocar,  cheirar   saborear  são aberturas  para nosso. Mundo interior ler e declamar  poesia, escutar música, ilustrar textos com desenho e colagens, jogar,  dramatizar histórias, conversar   sobre pintura e fotografias são algumas atividades que favorecem o  despertar desse saber sensível.(p.07)
                       PDF] (EJA CADERNO 1 GRÕFICA - MEC


(...)as escolas para jovens e adultos recebem alunos e      alunas com traços de vida, origens, idades, vivências profissionai , históricos escolares,ritmos de aprendizagem e estruturas pensamento     completamente avariados. a cada realidade corresponde um tipo de aluno e não  poderia ser de  outra forma, são pessoas que vivem no mundo adulto do trabalho, com responsabilidades sociais e familiares, com valores formados a partir da experiência, do ambiente e da realidade cultural éticos morais que são inseridos.(p.04)
                

Esses recortes nos mostram algumas abordagens que encontrei no caderno da EJA procurando o saber a respeitos desses    sujeitos/jovem/adultos, achei importante entre outros que poderá ler acessando o endereço,   responde a  questionamento. O caderno da EJA nos mostra semelhança entre esses sujeitos     de varias   regiões do Brasil, porém, com a mesma busca, desafios e com dificuldades sócio   econômica    que leva essa procura  do saber fora de uma idade considerada regular/própria.   Retorna aos estudos pra essas pessoas depois de adultas após passarem anos longe da escola, ou até daqueles que inicia a vida escolar nessa fase da vida, é bastante peculiar.
Protagonizam histórias reais e ricas em experiências vividas.
                                                                                                      Simone Aires

sábado, 11 de junho de 2011

Alguns pontos sobre o universo cultural dos alunos da EJA

Os excertos que apresento a seguir são de um texto que produzi no “Estágio e Pesquisa: Educação do Trabalhador/EJA”, atividade acadêmica do curso de Pedagogia da UNISINOS a qual estou cursando este semestre (2011/1). A partir dos textos que lidos e da pesquisa realizada em uma turma de alfabetização (observação e entrevistas), aponto algumas considerações a serem feitas por pedagogos/as que atuam e/ou atuarão na EJA.
O objetivo de conhecer os sujeitos da EJA é dar-lhes a palavra e não tentar conhecê-los pelo que os outros dizem sobre eles, mas devemos saber o que eles mesmos têm a dizer, contar o que pensam e sabem. Permitir que digam quem são é fundamental ao invés de dar credibilidade apenas ao que os outros dizem sobre quem são os adultos da EJA, pois “[...] quem tem o poder de narrar o outro, dizendo como está constituído, como funciona, que atributos possui, é quem dá as cartas da representação, ou seja, é quem estabelece o que tem ou não estatuto de ‘realidade’”. (COSTA, 1998, p. 42). Então é imprescindível conhecer a realidade que eles mostram ao invés de optar pelas representações que trazem sobre este adulto.
            Ao chegar a idade de 6 anos (que antigamente era 7 anos) a criança, normalmente, já é inserida no ambiente escolar: aprende a ler, escrever e fazer contas, pensando que o futuro estará preparado para ela com uma boa profissão, caso estude. Então ela permanece na escola até os 17 para completar o ensino médio. Claro que, isto pode ser um processo normal para a maioria, mas a generalização é impossível, pois uma série de fatores faz com que determinados sujeitos sejam excluídos, desde as condições em que vivem até a estrutura familiar. No caso dos adultos que estão na EJA, a história foi diferente e seguiu outro percurso e agora por diversos motivos pessoais eles entram na escola para aprender e ter a oportunidade que não tiveram antes. Costa (1998) justifica como esses mecanismos acontecem na escola, usando como referência Foucault:

[...] o currículo escolar é um texto que pode nos contar muitas histórias: histórias sobre indivíduos, grupos, sociedades, culturas, tradições; histórias que pretendem nos relatar como as coisas são ou como deveriam ser. O que há de comum entre elas é uma vontade de saber que, como assinala Foucault (1996), é inseparável da vontade de poder, e tem se constituído em ‘prodigiosa maquinaria destinada a excluir’ (p. 20). (p. 61)

A partir do levantamento de dados dos sujeitos é possível ver a marca de não alfabetizados que carregam em sua constituição e suas histórias de exclusão que fazem lembrá-los todos os dias quem são e o porquê têm acesso limitado e dificuldade de adquirirem determinados bens. O contexto atual mostra a responsabilidade do/a professor/a não apenas ensinar, mas perceber quem são os sujeitos e de que lugares falam. Planejar aulas que considere suas culturas e que traga além do conhecimento, questionamentos e os dê a possibilidade de um olhar crítico diante da realidade social, promovendo a autonomia dos mesmos - não só como alfabetizados/as, mas como um cidadãos/ãs pensantes. Corazza (1997) aponta que a além dos conhecimentos escolares, a pedagogia como uma prática cultural que analisa não apenas as lutas de classe, mas um novo cenário, ao qual estamos inseridos atualmente:

Agora, dentro de novas paisagens culturais, econômicas, políticas e sociais, a teorização social pós-estruturalista/pós-modernista vem desdobrar nossas responsabilidades intelectuais e arenas de lutas políticas, levando-nos a significar fortemente a pedagogia como uma prática de produção cultural, não mais implicada apenas na luta de classes, como também em tantas outras lutas, como as de raça, gênero, diferenças sexuais, identidades nacionais, colonialismo, etnia, populismo cultural, textualidade. (p. 105)


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

CORAZZA, Sandra. Planejamento de Ensino como estratégia de política cultural. In: MOREIRA, Antonio flavio B. (org.) currículo: questões atuais. campinas, sp: papirus, 1997. p. 103 – 143.

COSTA, Marisa C. Vorraber. Currículo e política cultural. In: COSTA, Marisa C. Vorraber (org.) O currículo nos limiares do contemporâneo. Rio de Janeiro: DP&A, 1998.

Camila Chagas

sexta-feira, 10 de junho de 2011

PEDAGOGIA pelo Mestre Paulo Freire

Neste vídeo temos a explanação de Paulo Freire, sobre o que é a Pedagogia e no que ela deve se sustentar. É uma pena que só encontrei este vídeo em espanhol, mas com a legenda é possível entender o que nosso mestre Paulo Freire nos passa. Fala da importância de compreender o ato de ensinar e aprender, de ensinar através do exemplo... vale a pena assistir!!!!
                                                                                    Aline Mello

LEGISLAÇÃO X EJA

LDB 9394/96
Seção V
Da Educação de Jovens e Adultos
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. (grifo meu)
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.
§ 3o  A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.


Nas Leis de Diretrizes e Bases que dispõem sobre a EJA podemos observar a menção a uma idade própria para  conclusão dos estudos em um discurso que pode contribuir para a exclusão e excesso de expectativas do alunado. Percebemos também a menção as condições apropriadas de educação para este público considerando as questões de vida e seus interesses. Todos os professores que atuam hoje na EJA, possuem claramente esta "informação"?
                                                                                                                                                                     Aline Mello

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Quem são os adultos da EJA

A realidade dos jovens e adultos, principalmente os adultos nas classes de alfabetização na EJA, é a de exclusão. E as suas histórias sobre o que os impossibilitou de estudar na infância são muito similares: ajudar em casa e/ou contribuir financeiramente com o sustento da família. A maioria desses sujeitos são marcados pelo trabalho infantil, as meninas principalmente, que não ajudavam com trabalho remunerado, tinham o dever de fazer as tarefas de casa e cuidar dos irmãos mais novos, pois os pais trabalhavam. Armellini (1993), evidencia que:  
A história da exclusão social se repete na história da escolarização dos adultos analfabetos. Não permaneceram na escola por motivos sócio-econômicos e culturais, ou seja, necessidade de trabalhar e contribuir para o sustento da família, assumir o trabalho doméstico, ajudar a cuidar dos irmãos mais jovens ou tornar-se ‘arrimo’ da família, desistindo de estudar em favor dos irmãos mais moços, ou porque os pais não achavam necessário o estudo, especialmente para as mulheres. (p. 30)

            A partir da experiência através do estágio que realizei esse semestre, percebi também que é muito comum os adultos que foram excluídos da escola por não serem ditos “normais”, como os que possuem dificuldade de aprendizagem.
            O caso de dona Benta é similar, mas o proibição veio de uma visão machista do pai que temia as cartas de amor com os rapazes. Ao tornar-se adulta se dedicou a família e a casa, e com 85 anos que voltou a estudar. Isso nos remete ao questionamento de quantas mulheres estão na EJA e têm marido e filhos para cuidar, que dividem seu tempo ao lar, trabalho e estudos. Isso quando não acontecem imprevistos no dia-a-dia. Então a questão de retornar a escola, apesar do seu formato específico para alunos adultos, é uma decisão que não depende apenas de esforço, mas de condições para conseguir estar na sala de aula.

Na vida do adulto analfabeto, tão limitada pelos baixos salários ou renda instável, os compromissos de sustento e cuidado da família terminam por absorver todos os recursos pessoais. A falta de dinheiro para o transporte, a doença de um filho, o nascimento de um neto, novas oportunidades de trabalho e de remuneração complementar, mudança de residência, podem constituir sérios obstáculos para a permanência do adulto na classe de alfabetização. (ARMELLINI, 1993, p. 30)

            Sem dúvida, a história de vida da dona Benta é de superação e persistência. E ao ser lida ou ouvida pelos alunos da classe de EJA, ao qual realizei minha prática pedagógica, os motivou mais ainda. Mas nós professoras e professores temos que ter bem claro que não depende apenas da vontade dos sujeitos, mas de uma série de fatores que possibilitem a ida a escola, a construção do conhecimento e a conquista dos objetivos destes alunos.

REFERÊNCIA:

ARMELLINI, Neusa Junqueira, ET. Alli. (orgs.) Alfabetização de adultos: recuperando a totalidade para reconstruir a especificidade. Porto Alegre: Editora da UFRGS, Edições EST, 1993. p. 25-53. (Cap. III).

GERAL. Nunca é tarde: A lição de dona Benta. In: Zero Hora, 26 de abril de 2011, p. 31.


Camila Chagas

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Livro: Formação de Professores para Educação de Jovens e Adultos

O livro “Formação de Professores para Educação de Jovens e Adultos” escrito por Valdo Barcelos, traz como tema principal da obra a reflexão sobre o ser professor (a) na Educação de Jovens e Adultos, em particular a Alfabetização.
Como já dei aula na alfabetização de adultos, optei em ler este livro para fazer uma ficha de leitura no PA de Educação e Trabalho do curso de Pedagogia na Unisinos e confesso que me identifiquei muito com a obra, pois nos aproxima sobre a verdadeira realidade que nos deparamos no dia-a-dia da sala de aula na EJA – alfabetização.
Gostaria de trazer aqui alguns trechos da minha ficha de leitura e também do livro para quem tiver interesse em ler.
O autor traz a expressão menestrel “que aqui uso é uma analogia ao poeta, ao cantador ou trovador nômade plebeu, que Antigamente, no período medievo, perambulava pelas praças e ruas das antigas cidades recitando seus poemas ou fazendo serenatas a serviço de um rei ou de uma corte de nobres”. (BARCELOS, 2006, p.79)
            Esses menestréis, usado nos Estados Unidos como um artista popular que deve encantar as famílias nobres, o que na educação é exigido dos educadores, encantarem os alunos.
            O autor compartilha neste livro alguns pontos em ordem alfabética que é necessário para formação e do trabalho de educadores de jovens e adultos em particular a alfabetização.
            “Atenção – Há que dedicarmos muita atenção aos saberes e fazeres que cada educando (a) traz consigo para o interior da escola, da sala de aula...” (BARCELOS, 2006, p.83)
            “Busca – Se todo o fazer educativo é uma busca permanente, a EJA exige uma revitalização desta a cada dia, a cada hora, a cada minuto...” (BARCELOS, 2006, p.84)
            “Cuidado – Assim como a tenção, é necessário termos muito cuidado com a EJA. E cuidado aqui no sentido de incentivar no educador(a) desde o cuidado de si até o cuidado com o outro...” (BARCELOS, 2006, p.84)
            “Dedicação – Se no processo educativo em geral a dedicação profissional é um dos fatores decisivos para a formação de professores(as), na EJA em particular, esta dedicação se faz necessária com a maior radicalidade. E dedicação tanto efetiva, técnica, quanto afetiva e humanística...” (BARCELOS, 2006, p.85)
            “Escuta – Mais que simplesmente ouvir, há que escutar – do latim auscultare, que significa estar alerta, atento, disposto ao diálogo com o outro...” (BARCELOS, 2006, p.85)
            “Felicidade – ...amor, carinho, sedução, paixão, prazer, felicidade. Refiro-me tanto à felicidade de aprender quanto a de ensinar... (BARCELOS, 2006, p.86)
            “Gente – Na EJA, ao contrário da alfabetização de crianças, estamos frente ao que chamamos comumente de “Gente Grande”. Isto pode parecer uma obviedade, mas não é. Gente grande no sentido de que estamos recebendo na escola homens e mulheres adultos. Que trabalham ou estão desempregados(as). Que têm filhos(as), e às vezes netos(as). Enfim, que têm já uma longa vida vivida...” (BARCELOS, 2006, p.86)
            “Humildade – Se a humildade é um valor, uma exigência para a educação em seus mais diferentes níveis e processos, na Educação de Jovens e Adultos isto se torna uma condição indispensável. E humildade tanto no sentido da relação entre pessoas que estão começando a se conhecer quanto ao que se refere às relações entre educador(a) e educando(a)...” (BARCELOS, 2006, p.87 e 88)
            “Incentivo – ...um dos maiores desafios para a EJA é não apenas incentivas a chegada do educando(a) à escola como, a partir daí, incentivar sua permanência...” (BARCELOS, 2006, p.89)
            “Justiça – ...a EJA pode ser uma maneira a mais de fazermos um pouco de justiça ao imenso contingente de homens e mulheres que neste país forma alijados do processo educativo...” (BARCELOS, 2006, p.89)
            “Ludicidade – ...no entanto, se a educação é, por excelência, o tempo da imaginação, os seres humanos são imaginativos durante todas as etapas de sua vida...” (BARCELOS, 2006, p.90)
            “Mudança – Falar de mudança em educação é como falar que somos seres vivos e, como tal, estamos em permanente metamorfose, Contudo, mais que falar, pensar e programar mudanças, há que acreditar nelas”. (BARCELOS, 2006, p.91)
            “Necessidade – O trabalho docente, ou como diria Miguel Arroyo O Ofício de mestre, carrega consigo algumas necessidades básicas e permanentes. Uma delas é a da formação continuada e/ ou permanente...” (BARCELOS, 2006, p.91)
            “Organização – ... as ditas “grades” curriculares começam a ser questionadas e, em  alguns casos, já começaram a ruir. Talvez uma das grandes contribuições da EJA, para a educação escolar, esteja justamente na demonstração da impossibilidade da atual organização...” (BARCELOS, 2006, p.93)
            “Participação – Se existe algo que começa a se estabelecer como o consenso entre os(as) educadores(as) da EJA é o da necessidade de envolvimento, de participação de todas as partes envolvidas no processo – professores(as), equipes diretivas e educandos(as)...” (BARCELOS, 2006, p.94)
            “Querer – Se é pertinente a afirmação de que só aprende quem que, nada mais oportuno que levar isto muito a sério quando se trata do trabalho com a Educação de Jovens e Adultos. O querer aprender é algo que, muito frequentemente, está estampado no olhar, no rosto, no sorriso tímido e acanhado...” (BARCELOS, 2006, p.95)
            “Reinventar – Inventar e reinventar. Isto talvez seja o que todo(a) educador da EJA mais tenha que fazer. Reinventar práticas pedagógicas, didáticas e metodológicas de atuação junto aos educandos e educandas...” (BARCELOS, 2006, p.95)
            “Sabedoria – Na Educação de Jovens e Adultos é fundamental que tenhamos sensibilidade para perceber que estamos frente a grupos que são portadores de imenso repertório de saberes. São grupos carregados de sabedoria.” (BARCELOS, 2006, p.96)
            “Tensão – ...além das tensões habituais, rotineiras do trabalho de professor(a)... o trabalho com jovens e adultos exige uma esforço ainda maior. Esforço este que vai desde o fato de estarmos frente a uma turma de educandos(as) que, via de regra, já vêm para aula noturna cansados(as)...” (BARCELOS, 2006, p.96)
            “Urgência – Urgência e urgências é o que não faltam se formos olhar para a educação brasileira em geral e para a educação inclusiva em particular... para usar um reforço lingüístico”. (BARCELOS, 2006, p.97)
            “Valores – ...cabe lembrar que valores não se ensinam, como muito bem alerta Humberto Maturana... Neste sentido é que se insiste, em educação, na construção de espaços democráticos e libertários de convivência de valores...” (BARCELOS, 2006, p.98)
            “Xeque-mate – ... nos colocar numa posição de xeque-mate. Ou seja: como no jogo de xadrez, coloca-nos numa situação-limite. Ou encontrarmos uma saída para esta imensa injustiça social que é a exclusão da escola de milhares de pessoas...” (BARCELOS, 2006, p.99)
            “Zelo – ... ao mesmo tempo em que estamos à procura de alternativas que melhorem nossa EJA temos que ter o maior cuidado, temos de zelar para não sucumbirmos à tentação da adoção de receitas e respostas prontas...” (BARCELOS, 2006, p.99)
            Após o autor falar sobre esses pontos para formação, ele ressalta que isso não seja visto como uma cartilha, mas que pode ser a composição das poesias e versos dos(as) menestréis da Educação de Jovens e Adultos.


BARCELOS, Valdo. Formação de Professores para Educação de Jovens e Adultos. Editora Vozes, 2006.

Manuella Valim.