quinta-feira, 2 de junho de 2011

Livro: Formação de Professores para Educação de Jovens e Adultos

O livro “Formação de Professores para Educação de Jovens e Adultos” escrito por Valdo Barcelos, traz como tema principal da obra a reflexão sobre o ser professor (a) na Educação de Jovens e Adultos, em particular a Alfabetização.
Como já dei aula na alfabetização de adultos, optei em ler este livro para fazer uma ficha de leitura no PA de Educação e Trabalho do curso de Pedagogia na Unisinos e confesso que me identifiquei muito com a obra, pois nos aproxima sobre a verdadeira realidade que nos deparamos no dia-a-dia da sala de aula na EJA – alfabetização.
Gostaria de trazer aqui alguns trechos da minha ficha de leitura e também do livro para quem tiver interesse em ler.
O autor traz a expressão menestrel “que aqui uso é uma analogia ao poeta, ao cantador ou trovador nômade plebeu, que Antigamente, no período medievo, perambulava pelas praças e ruas das antigas cidades recitando seus poemas ou fazendo serenatas a serviço de um rei ou de uma corte de nobres”. (BARCELOS, 2006, p.79)
            Esses menestréis, usado nos Estados Unidos como um artista popular que deve encantar as famílias nobres, o que na educação é exigido dos educadores, encantarem os alunos.
            O autor compartilha neste livro alguns pontos em ordem alfabética que é necessário para formação e do trabalho de educadores de jovens e adultos em particular a alfabetização.
            “Atenção – Há que dedicarmos muita atenção aos saberes e fazeres que cada educando (a) traz consigo para o interior da escola, da sala de aula...” (BARCELOS, 2006, p.83)
            “Busca – Se todo o fazer educativo é uma busca permanente, a EJA exige uma revitalização desta a cada dia, a cada hora, a cada minuto...” (BARCELOS, 2006, p.84)
            “Cuidado – Assim como a tenção, é necessário termos muito cuidado com a EJA. E cuidado aqui no sentido de incentivar no educador(a) desde o cuidado de si até o cuidado com o outro...” (BARCELOS, 2006, p.84)
            “Dedicação – Se no processo educativo em geral a dedicação profissional é um dos fatores decisivos para a formação de professores(as), na EJA em particular, esta dedicação se faz necessária com a maior radicalidade. E dedicação tanto efetiva, técnica, quanto afetiva e humanística...” (BARCELOS, 2006, p.85)
            “Escuta – Mais que simplesmente ouvir, há que escutar – do latim auscultare, que significa estar alerta, atento, disposto ao diálogo com o outro...” (BARCELOS, 2006, p.85)
            “Felicidade – ...amor, carinho, sedução, paixão, prazer, felicidade. Refiro-me tanto à felicidade de aprender quanto a de ensinar... (BARCELOS, 2006, p.86)
            “Gente – Na EJA, ao contrário da alfabetização de crianças, estamos frente ao que chamamos comumente de “Gente Grande”. Isto pode parecer uma obviedade, mas não é. Gente grande no sentido de que estamos recebendo na escola homens e mulheres adultos. Que trabalham ou estão desempregados(as). Que têm filhos(as), e às vezes netos(as). Enfim, que têm já uma longa vida vivida...” (BARCELOS, 2006, p.86)
            “Humildade – Se a humildade é um valor, uma exigência para a educação em seus mais diferentes níveis e processos, na Educação de Jovens e Adultos isto se torna uma condição indispensável. E humildade tanto no sentido da relação entre pessoas que estão começando a se conhecer quanto ao que se refere às relações entre educador(a) e educando(a)...” (BARCELOS, 2006, p.87 e 88)
            “Incentivo – ...um dos maiores desafios para a EJA é não apenas incentivas a chegada do educando(a) à escola como, a partir daí, incentivar sua permanência...” (BARCELOS, 2006, p.89)
            “Justiça – ...a EJA pode ser uma maneira a mais de fazermos um pouco de justiça ao imenso contingente de homens e mulheres que neste país forma alijados do processo educativo...” (BARCELOS, 2006, p.89)
            “Ludicidade – ...no entanto, se a educação é, por excelência, o tempo da imaginação, os seres humanos são imaginativos durante todas as etapas de sua vida...” (BARCELOS, 2006, p.90)
            “Mudança – Falar de mudança em educação é como falar que somos seres vivos e, como tal, estamos em permanente metamorfose, Contudo, mais que falar, pensar e programar mudanças, há que acreditar nelas”. (BARCELOS, 2006, p.91)
            “Necessidade – O trabalho docente, ou como diria Miguel Arroyo O Ofício de mestre, carrega consigo algumas necessidades básicas e permanentes. Uma delas é a da formação continuada e/ ou permanente...” (BARCELOS, 2006, p.91)
            “Organização – ... as ditas “grades” curriculares começam a ser questionadas e, em  alguns casos, já começaram a ruir. Talvez uma das grandes contribuições da EJA, para a educação escolar, esteja justamente na demonstração da impossibilidade da atual organização...” (BARCELOS, 2006, p.93)
            “Participação – Se existe algo que começa a se estabelecer como o consenso entre os(as) educadores(as) da EJA é o da necessidade de envolvimento, de participação de todas as partes envolvidas no processo – professores(as), equipes diretivas e educandos(as)...” (BARCELOS, 2006, p.94)
            “Querer – Se é pertinente a afirmação de que só aprende quem que, nada mais oportuno que levar isto muito a sério quando se trata do trabalho com a Educação de Jovens e Adultos. O querer aprender é algo que, muito frequentemente, está estampado no olhar, no rosto, no sorriso tímido e acanhado...” (BARCELOS, 2006, p.95)
            “Reinventar – Inventar e reinventar. Isto talvez seja o que todo(a) educador da EJA mais tenha que fazer. Reinventar práticas pedagógicas, didáticas e metodológicas de atuação junto aos educandos e educandas...” (BARCELOS, 2006, p.95)
            “Sabedoria – Na Educação de Jovens e Adultos é fundamental que tenhamos sensibilidade para perceber que estamos frente a grupos que são portadores de imenso repertório de saberes. São grupos carregados de sabedoria.” (BARCELOS, 2006, p.96)
            “Tensão – ...além das tensões habituais, rotineiras do trabalho de professor(a)... o trabalho com jovens e adultos exige uma esforço ainda maior. Esforço este que vai desde o fato de estarmos frente a uma turma de educandos(as) que, via de regra, já vêm para aula noturna cansados(as)...” (BARCELOS, 2006, p.96)
            “Urgência – Urgência e urgências é o que não faltam se formos olhar para a educação brasileira em geral e para a educação inclusiva em particular... para usar um reforço lingüístico”. (BARCELOS, 2006, p.97)
            “Valores – ...cabe lembrar que valores não se ensinam, como muito bem alerta Humberto Maturana... Neste sentido é que se insiste, em educação, na construção de espaços democráticos e libertários de convivência de valores...” (BARCELOS, 2006, p.98)
            “Xeque-mate – ... nos colocar numa posição de xeque-mate. Ou seja: como no jogo de xadrez, coloca-nos numa situação-limite. Ou encontrarmos uma saída para esta imensa injustiça social que é a exclusão da escola de milhares de pessoas...” (BARCELOS, 2006, p.99)
            “Zelo – ... ao mesmo tempo em que estamos à procura de alternativas que melhorem nossa EJA temos que ter o maior cuidado, temos de zelar para não sucumbirmos à tentação da adoção de receitas e respostas prontas...” (BARCELOS, 2006, p.99)
            Após o autor falar sobre esses pontos para formação, ele ressalta que isso não seja visto como uma cartilha, mas que pode ser a composição das poesias e versos dos(as) menestréis da Educação de Jovens e Adultos.


BARCELOS, Valdo. Formação de Professores para Educação de Jovens e Adultos. Editora Vozes, 2006.

Manuella Valim.

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